Por Roberto Ribeiro do Val
Tenho 66 anos de idade e só vim a me interessar pelo Evangelho por volta
dos quarenta... Entretanto, desde muito cedo, sempre fui muito
assediado pelas denominações evangélicas, que faziam os seus trabalhos
costumeiros de pregação pelas ruas, trens, praças, etc. Ainda tenho uma vaga
lembrança, de quando eu era muito jovem, entrei numa igreja evangélica e sai de
lá decepcionado, depois de presenciar a apelação por contribuição financeira!
Desde que passei a ter uma certa consciência da vida, que eu não acho
correto a cobrança por serviços religiosos, seja com preços estipulados,
através de apelação aos corações humanos, persuasão, etc. Apesar de ter sido
essa a causa principal do meu desinteresse pela congregação evangélica, até
certo ponto eu apreciava o estilo de vida dos evangélicos, por ser um povo mais
ordeiro e santo.
Por volta dos meus 40 anos de idade, tive uma experiência sobrenatural e
daí em diante passei a me interessar pelo evangelho e de conhecer as mais
variadas igrejas e doutrinas... Conheci muita das mais notórias e me esforcei
em vencer o conceito que eu havia formado em relação a elas.
Havia em mim um certo quebrantamento e cheguei até a dar pequenas
contribuições em algumas, as que mais me identificava. Porém, apesar de
entender que as igrejas tem uma certa necessidade de uma receita monetária,
continuava contra o modo como isso era colocado para os fiéis. Nunca deixei de
sentir aquele “clima mercantilista no ar”!
Das mais notórias, creio, conheci todas ou quase todas, menos a Igreja
Adventista do Sétimo Dia, e nunca me decidi por nenhuma. Num certo dia em que
estava meio desocupado, olhei para a minha estante de livros e lá avistei um
que estava guardado comigo há cerca de 15 anos, sem que tivesse lido: “O Grande
Conflito”!
Peguei-o na estante e dei uma olhada em algumas páginas e decidi: hoje
eu começo a ler esse livro! Depois que comecei a lê-lo, não parei mais,
“esmiucei-o” com lágrimas nos olhos por cerca de uma semana, só parava para
comer alguma coisa e dormir à noite! Depois disso, me interessei em conhecer a
IASD e logo me deparei com um problema: onde achar uma?
Num tempo em que não havia internet, a telefonia era e precária e rara,
inclusive os catálogos, o jeito foi “pegar uma lente” e dar uma de detetive
particular! Finalmente, descobrindo uma, fui conhecer... A minha primeira
decepção foi constatar que em questões monetárias era “igual” as outras! Nessa
ocasião, eu era fotógrafo por profissão e não tinha outro meio de
sobrevivência.
Até, então, havia me convencido de que a guarda do sábado era
doutrinariamente importante, embora estranhasse a falta de uma boa vontade para
com exceções... Precisava sobreviver... E como!!!!!!! Minha sobrevivência nunca
foi fácil, os problemas familiares sempre foram muitos, tentei me adaptar em
cerca de trinta profissões e a única que deu mais ou menos certa foi a de
fotógrafo, com ênfase em casamentos, 15 anos, etc, trabalhos típicos dos dias
de sábados!
Essa situação me causou dúvidas e fui protelando... Descobri que
existiam dissidências e outras igrejas denominadas adventistas... Procurei
conhecer as reformadas e as dúvidas permaneceram... Porém, o que mais me deixou
perplexo, foi o contraste de zelo pela guarda do sábado em relação a outras
doutrinas importantes... Fora à comparação do que constatei convivendo de
perto, com o “retrato escrito” no livro “O Grande Conflito” do que era a igreja
no tempo de seus fundadores!
Por um lado eu fiquei empolgado com o que havia lido no livro “O Grande
Conflito”, por outro, a constatação ao conhecer uma igreja que me pareceu
“morna”, e que logo me fez lembrar um trecho do livro onde a Sra EGW
diz, mais ou menos assim: “morrendo os reformadores, os que têm o verdadeiro
espírito reformista, os filhos assumem e dá novo molde a causa”! Ela se referia
a outras igrejas, mas, logo, me fiz a pergunta: está acontecendo aqui o mesmo,
com a igreja que ela fundou?
Apesar de ter lido outros livros de EGW, além do “O Grande Conflito”,
mediante o constatado, o conhecimento que adquirira não foi suficiente para
tomar a decisão de entrar ou não para a IASD. E essa indecisão permaneceu até
que conheci um produtor musical, filho de um falecido pastor adventista, que
trabalhava em uma gravadora evangélica.
Daí em diante, ele passou a ser o produtor musical da minha esposa, que
gostava e gosta de cantar. Não passou muito tempo, nasceu uma amizade e
começamos a freqüentar as casas, um do outro. Com as conversas decorrentes que
tivemos, desde o primeiro dia, nossa identificação mutua aumentou muito.
Ele já era um convertido há muitos anos e eu nem batizado era, e foi
natural que ele tomasse a liderança como um pregador para mim e minha esposa.
Quando eu o conheci ele já estava desligado de outras igrejas reformadas e
grupos e isso nos uniu ainda mais, a ponto dele convencer minha esposa, que era
recém convertida e batizada no sistema evangélico, a se desligar de sua igreja
e deixar de comer carne!
E, assim, nós três ficamos nos reunindo até que ele veio a conhecer um
pequeno grupo evangélico, já formado e sob uma liderança, da cidade de Petrópolis,
e não demorou muito, nos unimos a ele... Um detalhe a ser ressaltado: o líder
do grupo de Petrópolis entregou a liderança do mesmo para aquele que de certa
forma já era o meu pastor. E, assim, ficamos nos reunindo uma vez por semana,
aos sábados, durante cerca de 15 anos.
A distância geográfica entre nós era grande, o que impedia um número
maior de reuniões, e a disponibilidade de um pequeno sítio na baixada
fluminense, meio caminho entre Petrópolis e o Rio ficou sendo durante algum
tempo o nosso local de reuniões. Depois conseguimos construir um pequeno salão
em fundo de quintal, em Nova Iguaçu, onde passamos a nos reunir, até que um
problema cardíaco do nosso líder, existente desde a infância, acabou por
levá-lo ao falecimento.
Durante o tempo de minha permanência no grupo, cerca de quinze anos, eu
me aprofundei nas pesquisas bíblicas e mesmo antes do líder falecer eu já tinha
formado em mim uma certa autonomia doutrinária que me levou a um certo
distanciamento do grupo. Hoje, ainda sou muito chegado por amizade a esse
pessoal e ouve até união de famílias através de casamento. Hoje tenho uma
sobrinha com 16 anos, fruto de uma união de um dos meus irmãos, que também já é
falecido, com uma irmã do falecido líder.
De lá para cá, me dedico mais do que nunca ao estudo bíblico
independente! E quanto mais eu estudo mais se aprofundam as minhas diferenças
de idéias, com o sistema evangélico estabelecido... Na falta de afinidades
idealistas, e mesmo procurando amar o meu próximo como a mim mesmo, eu prefiro
ficar sob a palavra que diz: "Porque, onde estiverem dois ou
três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio
deles." (Mateus 18 : 20)
Voltando ao assunto financeiro, quero dizer que estive lendo no blog do
(se me permite) caríssimo irmão Francisco Alberto e gostei muito de uma matéria
da ICBA, com a qual eu concordo plenamente no que se refere ao dízimo e outras
formas de contribuição! O problema, se é que ele existe, pois não conheço
maiores detalhes da igreja, pode estar no contexto que embasa o uso prioritário
das contribuições...
Como um todo, uma Palavra que eu não me lembro de ter sido enfatizada
pelos evangélicos ou os defensores do dízimo, como enfatizam Malaquias 3: 10
vêm logo após, é o segundo versículo depois: Malaquias 3: 12. E
todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma
terra deleitosa, diz o SENHOR dos Exércitos.
Aí entra uma questão muito séria: na história que conhecemos, quando e
onde começou a terra deleitosa dos dizimistas da antiga
aliança? Para quem não sabe, terra deleitosa é terra maravilhosa,
paradisíaca... Será que essa terra esteve ou está no exílio que começou no ano
70, após a invasão de Jerusalém pelo general romano, Tito? Eu não conheço
história sobre essa “terra deleitosa”, se ela escapou do meu conhecimento por
algum motivo e alguém souber, por favor, é com humildade que peço, me mostre!
Dessa questão, até agora, eu só consegui tirar duas conclusões do meu
raciocínio: ou a promessa de Deus falhou ou o povo do antigo Israel, como um
todo, não deu os frutos que Deus desejou dele e por isso, creio, embasado no
contexto do versículo seguinte, perdeu o sacerdócio do reino de Deus! "Portanto, eu vos
digo que o reino de Deus vos será tirado, e será dado a uma nação que
dê os seus frutos." (Mateus 21 : 43)
Agora vamos a uma outra questão: a terra deleitosa dos
dizimistas da nova aliança! Depois de cerca de dois mil anos passados de era
cristã, eu também não tenho conhecimento histórico sobre ela... Ou será que
estamos vivendo nessa terra deleitosa desde os tempos bíblicos? Será que o que
aconteceu durante todo esse tempo, a respeito de terremotos, tsunames,
violência social, fome total, miséria, injustiça, guerras, etc, pode responder
por si só?
Será que a terra deleitosa para os dizimistas da nova aliança aconteceu
no decorrer desses séculos e acabou, pois tinha limite de tempo? Se a lei do
dízimo vale para os cristãos, não é lógico que a promessa de Malaquias 3: 12,
também, valeria? Mais uma vez eu peço com humildade, se alguém souber da
história dessa terra deleitosa, me revele! Será que a nova nação, referida em
Mateus 21: 43 está dando os frutos desejados pelo Filho de Deus? Se foi dado e está
dando, para quando será o Reino prometido?
Não creio que a promessa tenha sido falsa, nesse caso Deus não seria
Deus, ou que o tempo necessário para que Deus abençoasse a cristandade com a
terra deleitosa, ainda não era ou é chegado! Atualmente, depois de cerca de
dois mil anos decorridos, o Planeta está indo para a insustentabilidade e o
esgotamento e quando daremos os frutos que Deus deseja? Ou estamos dando e eu
não consigo ver?
Agora, se não foi dado nem estamos dando, eu só vejo uma solução para a
produção desses frutos: entender melhor a palavra de Deus e quebrar os
paradigmas da inoperância que “engessa” o denominado povo de Deus!
É evidente que existem os que crêem que a terra deleitosa será no Céu...
Eu respeito, porém, não creio que o mundo em que vivemos esteja fora dos planos
de Deus, existem até evidências de que se alguém para o Reino do Céu foi ou
irá, trata-se de poucos!
"E
o sétimo anjo tocou a sua trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam:
Os reinos do mundovieram a ser de nosso SENHOR e do seu Cristo, e ele
reinará para todo o sempre." (Apocalipse 11 : 15)
"Mas os
mansos herdarão a terra, e se deleitarão na abundância de
paz." (Salmos 37 : 11)
"E
porque estreita é a porta, e apertado o caminho que leva à vida, e poucos
há que a encontrem." (Mateus 7 : 14)
Desculpem-me se eu estiver errado no todo ou em parte, entretanto, com
humildade, estou sempre buscando a Verdade e pronto para tentar entende-la...
Que a luz de Deus esteja diante dos nossos olhos, para que possamos ver
a beleza e entender, cada vez mais, a Sua Palavra!
Um comentário:
Roberto,
Saudações Cristãs!
Obrigado pelo depoimento.
Eu também, quando li o livro "O grande conflito" de EGW, fiquei bastante impressionado. Chegou uma época em que acreditava demais em EGW, chegava a consultar os livros dela como "fonte de verdade" para tirar alguma dúvida e sobre como proceder em certos casos(Imagina pensando que seguindo os ensinos dela estava fazendo a vontade de Deus).
Estava dominado e só conseguia entender a bíblia com os óculos de EGW e das doutrinas adventistas; até que chegou a Internet com todas as informações, mostrando o lado escondido da moeda EGW e da IASD; só aí comecei a ler a bíblia com isenção; só então comecei a perceber muitos erros, enganos, heresias e até mentiras.
Cito alguns:
Exigir dos Cristãos a guarda do sábado;
Ficar esperando decreto dominical como sinal da volta de cristo;
Ficar esperando perseguição procedente do meio cristão;
Juízo investigativo;
Erro sobre o conceito: "Espírito da Profecia ou Testemunho de Jesus";
A maledicência ASD conta as outras Igrejas cristãs;
Etc.. etc... etc...
Fiquei curioso quanto a sua experiência sobrenatural ocorrida aos 40 anos.
Obrigado por escolher meu blog para postar seus depoimentos.
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